Entrevista

Entrevista a uma enfermeira

1 . Como se chama?

     Carla Carmo.

2 . Há quantos anos é que é enfermeira?

     Sou enfermeira há catorze anos.

3. Em que local é que trabalha?

    Eu trabalho no Centro de Saúde de Vendas Novas.

4. Qual é o seu horário de trabalho?

     O meu horário de trabalho não é sempre o mesmo porque faço turnos. Por exemplo, uns dias entro ao meio-dia e saio às oito horas e outros dias entro às dezasseis horas e saio á meia-noite.

5 . Gosta da sua profissão?

      Gosto do meu trabalho mas tem coisas boas e coisas más, aliás como todas as profissões.

6 . A sua profissão é muito cansativa?

     Não há dias iguais e por isso uns dias podem ser mais complicados do que outros. Há dias muito difíceis porque não conseguimos resolver todos os problemas que nos surgem.

7 . Costuma ter paciência com os seus utentes?

     Normalmente costumo mas às vezes é difícil. No entanto, vocês devem ter paciência uns com os outros e devem fazer isso em casa.

8 . Gosta mais de tratar crianças ou adultos?

Gosto muito mais de tratar crianças mas não porque estão doentes. Gosto mais de as vacinar para prevenir a doença.

9 . Que tipos de tratamentos é que faz?

     Faço diferentes tratamentos como pensos, suturas, vacinas, ponho ligaduras, peso bebés e injecções. Mas também faço atendimento nas urgências e faço uma outra coisa de que gosto muito: ensino as mulheres grávidas a tratarem dos seus filhos quando eles nascerem.

10 . É muito difícil fazer os tratamentos?

       Os tratamentos aprendemos quando tiramos o nosso curso e depois com pequenas acções de formação vamos aprendendo novas técnica mas, o mais difícil é lidar com a parte emocional das pessoas porque estão com dores, ansiosas e é difícil falar com elas.

11 . Que utensílios é que utiliza no seu dia-a-dia?

      Eu utilizo muitos utensílios, desde luvas, pinças, pensos, compressas, adesivos, máscaras, agulhas, seringas, e muitos outros. Mas o nome que se dá a todo o conjunto dos utensílios que nós e os médicos usamos é “dispositivos médicos”.

12 . Há algum trabalho que não goste de fazer?

       Não há nenhum que eu não goste de fazer mas há um que me incomoda muito. Fazer o teste do Pezinho aos bebés é para mim muito difícil porque sei que lhe estou a causar dor de propósito.

13. Utiliza alguns brinquedos para distrair os bebés quando os trata?

    Mesmo que tivesse é muito difícil distrair os bebés quando vão levar vacinas, por exemplo. Eu tento falar com eles e chamar-lhe a atenção para alguma coisa mas eles não ligam.

14 . Em média, quantos tratamentos faz por dia?

      Nós temos uma agenda onde marcamos todos os tratamentos que fazemos diariamente e são à volta de 30 a 40.

15 . Costuma dar vacinas aos utentes?

       Sim, quase todos as tardes estou na sala das vacinas.

16 .Tem alguma história interessante que nos possa contar sobre o seu trabalho?

      Terei com certeza muitas mas estou-me a lembrar de uma que se passou quando eu trabalhava na equipa da Saúde Escolar. Nessa altura eu ia às escolas para distribuir o flúor e fazer as explicações necessárias, como tal, muitos alunos conheciam-me. Um dia estava eu a fazer atendimento nas urgências e estava uma menina no consultório a ser consultada pelo médico. Ela não parava de olha para a sala contígua ao consultório, onde eu me encontrava a trabalhar. A menina nem ouvia o médico pois só olhava para mim. A dado momento ela vira-se para a sua mãe e diz-lhe:

- «Mãe, está ali a professora dos bochechos!»

Eu achei piada porque ela não me viu como a enfermeira que ia à escola mas sim como uma professora que lhe ensinava a fazer os bochechos.

Vendas Novas, 11 de Fevereiro de 2011